Em uma pequena empresa em Rockville, Maryland, um grupo de pesquisadores está trabalhando em vírus que podem ser adaptados para evitar suwa destruição pelo sistema imunológico do corpo.
Esses vírus projetados são destinados a infectar e destruir diretamente as células cancerígenas, mobilizando o sistema imune para perseguir e destruir células de tumor sólido pelo corpo e melhorar a eficácia de outras imunoterapias.
A tecnologia T-StealthTM da BeneVir foi desenvolvida para permitir que o vírus se esconda do sistema imunológico. Isso permite que o vírus se espalhe mais e persista por mais tempo nos tumores, o que poderá melhorar a indução de uma resposta imune antitumoral. Foi isso que atraiu a Janssen para a BeneVir Biopharm, Inc., que então foi adquirida em maio de 2018.
A tecnologia única da BeneVir e seu time de pesquisa inovador aprofundam a experiência da imuno-oncologia da Janssen e fortalecem e diferenciam a estratégia e portfólio da imunoterapia contra o câncer. Fundada pela dupla de marido e esposa Matthew (Matt) Mulvey (Diretor Presidente) e Katherine (Katie) Sacksteder (Diretora Operacional), a BeneVir representa a determinação da Janssen de buscar a melhor ciência para desenvolver terapias transformacionais para pacientes com câncer. É uma determinação compartilhada tanto por Katie quanto por Matt e seu time na BeneVir.
Diretor Presidente Matthew Mulvey |
Katherine Sacksteder, Diretora Presidencial |
Matt dedicou sua carreira a superar os desafios de criar vírus que possam evitar a reação do sistema imune a um corpo estranho enquanto infecta seletivamente as células cancerígenas. Depois de se formar na faculdade, o interesse de Matt em usar vírus como ferramenta o levou para o laboratório de Ian Mohr, hoje um reconhecido líder na área. Lá, Matt trabalhou em um vírus que, como ele descreve, “era bom em matar câncer em placas de petri, porque ele resistia aos efeitos antivirais da imunidade inata.”
A evolução dos vírus oncolíticos
Alguns grupos têm trabalhado com os vírus oncolíticos por décadas, mas nenhum conseguiu passar dos estudos clínicos de fase 1. Vírus estimulam o sistema imune, então o sistema imune os elimina como corpos estranhos. “Se você quer que os vírus atuem como terapias medicamentosas, eles deverão se manter no corpo pelo tempo necessário,” afirma Matt. “Nós precisamos desenvolver vírus que possam se esconder do sistema imune.”
O desejo de traduzir terapias para humanos fomentou a decisão de Matt de migrar da pesquisa acadêmica para a indústria biotecnológica, onde ele conheceu Katie, que o contratou para um trabalho de pesquisa. Então, em 2009, uma pequena empresa de biotecnologia publicou dados sobre seu vírus oncolítico. “Foi o primeiro vírus que parecia funcionar contra o câncer,” afirma Matt. Em 2015, ele se tornou o primeiro vírus oncolítico a ser aprovado pela U.S. Food and Drug Administration.
Foi um alerta para Matt e Katie, que tinham idealizado formar uma empresa. A dupla de marido e mulher fundou a BeneVir naquele ano, convencidos de que poderiam criar vírus oncolíticos mais eficazes e encontrar financiamento para seu trabalho.
“Eu sabia desde o começo que Katie e eu trabalharíamos bem juntos,” afirma Matt. “Nós temos conjuntos de habilidades complementares, a capacidade de fazer as coisas funcionarem e confiamos um no outro.”
A equipe da BeneVir posteriormente desenvolveu a T-Stealth™ Oncolytic Virus Platform. Por meio dessa tecnologia única, a equipe da BeneVir está agora trabalhando para adaptar vírus aos microambientes específicos do tumor – ambientes que permitem o crescimento dos tumores por meio da inibição da capacidade do sistema imune de reconhece-los e eliminá-los.
Embora os vírus oncolíticos da T-StealthTM infectem tanto células normais quanto células cancerígenas, eles se replicam apenas nas células cancerígenas. Quando uma quantidade suficiente de novos vírus é produzida dentro da célula cancerígena, a célula se rompe e morre, liberando os vírus para que possam infectar e matar células cancerígenas adjacentes. Esse é um dos mecanismos pelo qual os vírus oncolíticos matam as células cancerígenas.
“O que esperamos fazer é identificar os principais microambientes tumorais imunossupressores para a maioria dos pacientes e desenvolver vírus para reverter esses mecanismos e mobilizar outras imunoterapias para ajudar o sistema imunológico a se infiltrar nos tumores e fazer seu trabalho de forma mais eficiente,” afirma Matt.
Uma aquisição voltada para o paciente
O maior desejo de Matt e Katie é ver o potencial de sua tecnologia sendo disponibilizado para o maior número de pacientes possível. Para isso, eles precisavam de um parceiro que tivesse um canal capaz de aprimorar a tecnologia da BeneVir, porque o consenso emergente é que os vírus oncológicos poderão ser melhor usados em combinação com outras imunoterapias. Eles se reuniram com várias empresas, mas no fim, depositaram sua confiança na Janssen.
“Ficamos impressionados com a equipe científica,” afirma Matt. “São grandes cientistas e ótimas pessoas. A Janssen também apresentava o melhor histórico para obter medicamentos desde o início dos estudos clínicos até a comercialização.”
“Quando nos reunimos com a Janssen, eles estavam engajados, tinham feito a lição de casa e vieram para a reunião com ideias,” acrescenta Katie.
A aquisição fortalece as capacidades da Janssen com uma plataforma de vírus oncolítico que pode adaptar terapias para microambientes tumorais específicos no futuro. Em troca, a Janssen fornece à BeneVir uma vasta experiência em assuntos regulatórios, desenvolvimento clínico e fabricação, bem como um robusto canal de imunoterapias potenciais para serem pareadas com os vírus.
A Janssen e a BeneVir compartilham a visão de que a próxima onda de medicamentos anticâncer será de regimes multimodais, baseados em evidências, com design racional e adaptados às necessidades dos pacientes.
“Nossa colaboração está baseada em uma meta importante – criar tratamentos oncológicos novos, inovadores e eficazes para mais pacientes,” afirma Matt.